A proposta desta dissertação é analisar a relação entre a reflexão de Walter Benjamin sobre a infância e a juventude, desenvolvida nos escritos do período de 1912 a 1929, e sua singular concepção de memória, elaborada nos ensaios ¿Experiência e pobrezä, ¿O narrador¿ e ¿Sobre o conceito de históriä. Contra uma visão da História progressiva e linear, sua filosofia porta uma noção de salvação do passado que, ao invés de ser nostálgico, torna-se fonte de libertação. Benjamin reconhece uma perda da tradição na modernidade mas, ao mesmo tempo, aponta novas possibilidades frente à barbárie cultural. Escapando do discurso que desvaloriza o passado e a experiência dos mais jovens, Benjamin positiva o ¿espírito jovem¿ e a brincadeira infantil como experiências criativas e libertadoras, fundamentais para lidar com a dominação cultural. O objetivo é investigar, em primeiro lugar, o paradoxo que constitui sua concepção de memória, resultante desta tensão entre tradição e modernidade, e, em seguida, explicitar o modo como esse paradoxo já se delineia em sua reflexão sobre a infância e a juventude.